quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O POETA E O GEÓLOGO.

O POETA E O GEÓLOGO


Por Tébis Oliveira
Fotos: Luciano Valério - Fonte: Acervo da coleção Cláudia Adams
Cristais de goethita (inclusos em ametista), Ametista do Sul (RS) // Fotos: Luciano Valério – Fonte: Acervo da coleção Cláudia Adams
“Por fora pedra,Dentro cristalE entre as camadasO caminhoDo minérioAo mineral”
O poema acima foi postado no perfil oficial do músico Arnaldo Antunes no Instagram (www.instagram.com/arnaldo_antunes). A revistaIn The Mine perguntou o que ele continha de “geologicamente” verdadeiro a ninguém menos que o maior descobridor de minerais do Brasil. Com a palavra, o geólogo e professor do Instituto de Geociências (IGc) da USP, Daniel Atencio:
“Pedra é um termo popular para rocha, que são associações de minerais. Os minerais são cristalinos, isto é, têm estrutura cristalina, com átomos organizados em planos. Se, devido a esse arranjo, existirem faces planas nos minerais, diz-se que são cristais. Ao falar em camadas, o autor se refere a esses planos que se formam pelo arranjo dos átomos? Ou remete aos planos das rochas, que se formam por sedimentação, metamorfismo ou fluxo magmático?”
Cristais de gelo, Bom Jardim da Serra (SC) // Fonte acervo fotográfico: Paulo Neves
Cristais de gelo, Bom Jardim da Serra (SC) // Fonte acervo fotográfico: Paulo Neves
“Já minério é um termo aplicado a minerais e rochas que têm valor econômico. ‘Do minério ao mineral’ é apenas um verso para rimar com cristal? Ou o autor propõe um estudo mineralógico de caracterização do minério? Um texto mais científico diria:
As rochas são feitas de minerais
Minerais são cristalinos
Com faces são cristais
Rocha, mineral, cristalSão minérios
Se tem valor comercial
Após essa aula, a conclusão unânime de nossa redação é que, se poetas nada entendem de geologia, há muito de poeta nos geólogos…
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